Com a abertura da 2ª fase dos debate público da regulamentação do Marco Civil da Internet, o pesquisador do InternetLab, Pedro Ramos, fez uma avaliação de como foi o primeiro ano da lei e quais foram os impactos positivos desde a sua entrada em vigor. O especialista – que é formado em Direito pela Universidade de São Paulo e possui vasta experiência em pesquisa sobre a neutralidade de rede, – acredita que a consulta pública promovida, no primeiro semestre desse ano, pela Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça (SAL/MJ) foi positiva, pois deu continuidade à tradição de participação da sociedade na construção do texto da Lei.
“O Marco Civil foi, sem sombra de dúvidas, a lei mais participativa já criada no Brasil. Ele inaugurou uma fase em que a cooperação dos grupos de interesse e da sociedade no debate não se deu somente por mecanismos tradicionais da democracia representativa, mas também por meio de instrumentos institucionais de participação pública, que utilizaram a internet como principal ferramenta para atingir esse objetivo. Assim, nada mais justo que a construção do decreto também fizesse uso dessa plataforma”, afirma Pedro Ramos.
Debates
A primeira fase dos debates, segundo o advogado, já desenhou um mapa dos principais conflitos, dúvidas de interpretação e interesses envolvidos com a regulação específica. “O levantamento dos conflitos não é inédito. Ele faz parte do trabalho de bons gestores e formuladores de políticas públicas. Todavia, até onde sei, o que é inédito, é o Executivo compartilhar o texto base de um decreto com toda sociedade. Isso abre espaço para que as pessoas possam analisar de que forma o governo interpretou e respondeu ao debate público abrindo uma nova arena para questionamentos, discussões e sugestões que, sem dúvidas, só têm a enriquecer o debate”, pondera.
A participação da sociedade, na opinião do pesquisador, foi surpreendente, pois os grupos de interesse debateram temas de alta complexidade, propiciando um salto evolutivo em relação à discussão travada nas primeiras consultas públicas sobre o Marco Civil. No que se refere à neutralidade de rede, a qual assegura que todas as informações devem trafegar de maneira isonômica, Pedro Ramos ressalta que diferentes formas de regulação e interpretação desse princípio podem gerar consequências adversas para o desenvolvimento do setor de internet.
“Ao meu ver, é papel da regulação específica entender a característica multifacetada desse princípio, de forma a interpretá-lo para reduzir custos dos atores envolvidos, sempre preservando os benefícios e conquistas já consagradas no Marco Civil”, garante.
O especialista observa ainda que o Marco Civil não é uma Lei simples e que os grupos de interesse possuem papel fundamental em três aspectos: “na participação e colaboração com a plataforma de consulta pública, apresentando suas posturas e defendendo seus interesses; no cumprimento e na observância das regras trazidas pelo arcabouço legal do Marco Civil; e, no posicionamento frente ao Judiciário e à sociedade, sobre as zonas cinzentas de interpretação que certamente vão surgir nos próximos anos.”
Questionado sobre o que espera do decreto, Ramos avaliou que o documento deve guiar-se para reduzir incertezas jurídicas a respeito da aplicação da norma. Dessa forma, ele espera que o decreto possa atingir esse objetivo por meio de regras que possam facilitar a execução da Lei, especificá-la de modo praticável e acomodar corretamente o aparelho administrativo de modo a fiscalizar e executar fielmente sua aplicação.
“O Marco Civil virou, para a sociedade, a referência dos direitos dos brasileiros na internet: uma lei curta, com linguagem objetiva e clara, e que empodera os usuários com direitos que, em muitos casos, já existiam, mas não lhes estavam próximos”, afirma.
Participe do debate!
Os temas abordados na edição anterior foram muito estimulantes para o investimento em tecnologia da informação e comunicação.
Joseane Rocha,
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De projeto
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